Medicamentos no tempo certo!

Medicamentos no tempo certo!

Pesquisa da Biored Brasil realizada no segundo semestre de 2020 com 3,6 mil pacientes voluntários que conviviam com doenças raras, reumáticas, neurológicas, oncológicas e outras, indicou que 39 medicamentos de uso contínuo tiveram irregularidades no fornecimento. Para ajudar os pacientes que convivem com esse problema foi criado o movimento Medicamento no Tempo Certo, que estimula a denúncia da falta de medicamentos no Sistema Único de Saúde (SUS) para tratamento de enfermidades imunomediadas reumatológicas e dermatológicas, assim como doenças inflamatórias intestinais (DII). A coordenadora da Biored Brasil, Priscila Torres, conta nesta entrevista porque criou o movimento e como a falta de medicamentos pode prejudicar os pacientes que convivem com doenças crônicas.

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Como e por que surgiu o movimento Medicamento no Tempo Certo?

O movimento é uma iniciativa realizada desde o ano de 2016, que ganhou força em junho de 2020 devido ao grande impacto da pandemia sobre a disponibilidade de medicamentos nas farmácias de alto custo. O cenário do desabastecimento de medicamentos de alto custo, no último semestre de 2020, foi revelado pelo resultado da pesquisa realizada com 3,6 mil pacientes voluntários que conviviam com doenças dermatológicas (68), raras (218), reumáticas (2308), doença inflamatória intestinal (828), doenças neurológicas (177) e oncológicas (126).

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Qual é o principal objetivo deste movimento criado pela Biored Brasil?

Nosso foco é monitorar a disponibilidade de medicamentos nas farmácias de alto custo no Brasil.

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Quais são as principais dificuldades para pacientes que têm direito a receber medicamentos do SUS?

A principal dificuldade reportada pelos pacientes está na oferta dos medicamentos garantidos pelos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do Ministério da Saúde, que enfrentam constantes atrasos e até mesmo indisponibilidade. Esses medicamentos são da competência do Ministério da Saúde. Desde o início da pandemia da Covid-19, o tempo médio de atraso dos componentes especializados da assistência farmacêutica tem sido de 61 dias para a maioria dos pacientes.

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Esse é um problema generalizado ou é mais comum em algumas regiões?

Infelizmente, trata-se de um problema nacional, que acontece em todas as regiões do Brasil.

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Em geral, qual é a periodicidade para que o paciente com doença crônica receba os medicamentos?

Os pacientes devem receber os medicamentos uma vez ao mês, conforme data previamente agendada pelas farmácias de alto custo.

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A pandemia piorou a entrega desses medicamentos?

Sim, a pandemia trouxe um impacto indireto sobre a disponibilidade de medicamentos nas farmácias de alto custo.

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Como funcionam as denúncias que o movimento propõe e para onde serão encaminhadas?

O paciente ou familiar registra a falta de medicamentos em um formulário próprio disponível no site https://bioredbrasil.com.br/movimento-acesso-no­tempo-certo. A Biored Brasil, ao receber os dados, envia os questionamentos ao gestor público responsável pela desassis­ência farmacêutica. Os resultados ­destes questionamentos são publicados em nossos blogs e nas redes sociais. Os dados coletados são enviados de forma quantitativa aos meios democráticos de participação social, e os pacientes que autorizarem serão contatados pelo meio de comunicação selecionado no formulário. Mensalmente, publicamos o cenário da falta de medicamentos conforme os dados apontados pelo preenchimento deste formulário. As publicações são realizadas nos blogs da Biored Brasil, BlogAR e Grupar/EncontrAR. Disponibilizamos, ainda, um grupo de WhatsApp para facilitar o contato e a doação de medicamentos entre os pacientes. Em concordância com a legislação brasileira vigente de proteção de dados, os dados coletados serão mantidos em sigilo. A Biored Brasil e as 41 associações de pacientes filiadas utilizarão estes dados de forma quantitativa e qualitativa para defender a garantia de acesso aos pacientes crônicos brasileiros, buscando de forma democrática e participativa estabelecer diálogos construtivos com a gestão pública nas mais diversas esferas.

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Como está a repercussão desta iniciativa entre os pacientes?

Nos primeiros meses deste ano, o movimento Medicamento no Tempo Certo recebeu 2.149 denúncias sobre a falta de 31 medicamentos nas farmácias de alto custo. Destes pacientes, 20% convivem com algum tipo de doença inflamatória intestinal e, para este grupo, o relato de irregularidades envolve os medicamentos mesalazina, adalimumabe e infliximabe. Outros 29 medicamentos também apresentaram irregularidades na entrega até o dia 20 de abril de 2021, conforme a lista no quadro abaixo.

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Além de denunciarem a falta dos medicamentos pelo site do movimento, quais outras medidas os pacientes que não conseguirem medicamentos podem tomar?

Precisamos participar do exercício de cidadania, registrando a falta de medicamentos nas ouvidorias do SUS (136) do Ministério da Saúde, nas ouvidorias das secretarias estaduais de saúde e podemos, ainda, solicitar apoio das defensorias públicas para que o fornecimento de medicamentos seja regularizado.

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John Doe

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