Viva a vida!

Viva a vida!

O militar reformado Anderson Brandolt Rodrigues encontrou apoio nos esportes para administrar bem a doença de Crohn

O ano era 1992 e eu estava voltando de uma corrida com o meu pelotão no quartel quando senti uma dor abdominal. Uma semana depois, fiz exames e fui internado sem o diagnóstico, que só veio após a primeira de várias cirurgias. Depois de receber a notícia de que tinha doença de Crohn fiquei mais seis meses hospitalizado, e essa experiência me trouxe algumas mudanças e aprendizados: passei a cuidar ainda mais da minha alimentação, bem como observar e conhecer melhor o meu organismo. Peço a todos que convivem com uma DII, por favor, façam isso!

Descobri que a angústia e a ansiedade vão ‘agitar as coisas’ e podem fazer muito mal, portanto, procurei uma psicóloga que me ajudou muito. Ainda que eu fizesse acompanhamento e fosse disciplinado com relação ao tratamento e à alimentação, precisei de outra cirurgia, 10 anos depois, para resolver uma estenose. Mas, desta vez, conheci profissionais com grande conhecimento neste tipo de diagnóstico: uma nutricionista, um cirurgião e uma médica especialista em DII que, além de conhecer a fundo a doença, tem enorme experiência no tratamento das mais variadas manifestações.

Por isso, oriento que façam todo o possível para terem os seus ‘apoios’ também. Isso tudo foi um marco na história da minha doença, pois lá se vão mais de 15 anos sem cirurgias. Neste tempo, a gente tenta retomar a vida de onde parou, ou, no meu caso, achar um novo rumo, levando junto constrangimentos, inseguranças e muitas dificuldades, nem sempre observadas pelos que estão ao nosso redor. Lembre-se que familiares, amigos e, se possível, o amor da sua vida – que sabem do seu diagnóstico –, são fundamentais dentro e fora do hospital.

Como diz a minha médica: “não viva a doença! Lembre-se dela na hora que precisar tomar o seu medicamento, fazer um exame, retornar ao consultório (sim, na hora de ir ao banheiro também). E, no restante do tempo, viva!” Procurei terminar a faculdade, fiz diversos cursos técnicos, fui a festas e pratiquei muitos esportes. Aliás, acho fundamental praticar esportes, seja qual for. É uma atividade prazerosa, saudável em vários aspectos e que nos leva para longe das preocupações com a doença. Perfeito! Já fiz musculação, rafting, andei de kart, joguei futsal e futebol society. Hoje, ando a cavalo, faço trilhas, ciclismo, corro e sou instrutor de mergulho desde 2014.

Aliás, me tornei mergulhador em 1999 e já viajei para muitos lugares para mergulhar. Está aí outra coisa para se fazer: viajar, e não precisa ser para longe. Além de esportes, hoje meu hobby é a fotografia. Assim como quando estou embaixo d’água mergulhando, a fotografia me faz submergir em outro mundo e afastar qualquer pensamento sobre DII. A doença está sempre ali e é preciso adaptar-se às situações para não deixar de fazer o que se gosta. Acho fundamental qualquer atividade prazerosa que ocupe a mente, seja um es-porte, um hobby, ou ambos. É nessa hora que estamos vivendo sem um diagnóstico novamente.

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John Doe

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