Tudo vai ficar bem!

Tudo vai ficar bem!

O vereador Matson Cé conta como administra a doença de Crohn e lembra que é possível viver bem com a DII desde que seja compreendida e bem administrada

Estava com 16 para 17 anos de idade quando descobri a doença de Crohn. Acredito que já deveria ter a enfermidade desde a infância, porque sempre tive muitos enjoos e vômitos. Mas os pediatras, na época, não tinham muito conhecimento das doenças do trato digestório e prescreviam medicação para o fígado ou para diminuir a cólica – até porque não havia um exame mais aprofundado.

Era outubro de 1994 e eu estava indo para a Oktoberfest quando passei muito mal no ônibus. Os médicos descobriram que era uma fissura anal que progrediu para uma fístula. Fiz uma cirurgia e, desde então, trato a doença de Crohn.

Eu e meus pais passamos por uma fase de adaptação com muita dificuldade, mas, depois da primeira cirurgia, vivi 10 anos de tranquilidade e a doença ficou estabilizada. Depois voltou, tive um quadro bem crítico e passei 24 meses complicados. Fui a São Paulo, passei por dois procedimentos cirúrgicos e hoje estou com a doença controlada.

Faço uso de medicação biológica adequada, procuro fazer atividade física, tenho auxílio de uma nutricionista e faço terapias complementares, como acupuntura e massagem, que ajudam muito.

Quando a doença apareceu, eu jogava futebol nas categorias de base do Figueirense, em Florianópolis, e precisei parar porque não conseguia pegar condicionamento físico, sentia muita fraqueza e os exercícios eram muito fortes. Senti muito em parar, mas nunca deixei de jogar bola.

Pratico esportes e faço academia com um profissional que me acompanha e organiza o tipo de atividade que posso fazer. É importante praticar uma atividade aeróbica ou caminhada, desde que tenha um monitoramento profissional para evitar agravar a DII. Também nunca senti medo de comer, sempre me alimentei bem e, quando sentia vontade, comia até um hambúrguer e tomava um refrigerante – sei que não é indicado, mas nunca tive medo de ser ousado.

Em minha opinião, também é fundamental não deixar de conviver com os amigos e ter uma vida social. Não devemos ter medo ou vergonha de precisar ir ao banheiro, porque isso faz parte do nosso quadro. Se vou a restaurantes, procuro aqueles que oferecem um bom banheiro; o mesmo vale para shopping centers e outras diversões. Quando os amigos conhecem e entendem o nosso problema, nos ajudam a seguir a vida.

Não somos diferentes de ninguém, temos apenas uma doença e, por causa dela, precisamos de um cuidado diferenciado. Mas merecemos levar uma vida social normal, estudar, praticar esporte, nos divertir, ter lazer, viajar.

Quando escolhi a carreira política, sabia que não seria fácil! É preciso ter um bom jogo de cintura – principalmente as pessoas ansiosas, como eu. Muitas vezes, quando fico nervoso, dá aquela vontade de ir ao banheiro no meio da sessão, mas, com controle emocional, até isso é possível administrar.

Aprendi tudo isso, e confesso que não foi fácil. Mas, com a maturidade, vamos aperfeiçoando essas habilidades e aprendendo a conviver com qualquer doença. Aprendi até mesmo a administrar uma crise simples que, às vezes, acontece. No meu caso, simplesmente controlo a alimentação, mantenho a calma, começo a ingerir bastante líquido e tomo a medicação que o médico prescreveu. E vale dar uma dica: viva a vida plenamente e não fique só falando de doença!

Seja normal e as coisas, naturalmente, vão acontecendo. Desejo sorte e sucesso a todas as pessoas com DII! Vai chegar um dia em que essa doença terá uma medicação que vai estabilizar todos os pacientes e tudo ficará bem.

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John Doe

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