Nunca deixe de acreditar

Nunca deixe de acreditar

Depois de sofrer com a doença de Crohn, a educadora física Ana Paula Chaia Martins garante que vale a pena lutar pela vida

“Em 2010, quando eu tinha 23 anos, minha rotina era muito puxada com estágio, trabalho e faculdade, o que fazia com que minha alimentação ficasse a desejar e o desgaste mental fosse cada dia maior. Um dia, após comer um lanche com salsicha na porta da faculdade, comecei a ter dores abdominais, cólicas e diarreia. A cada dia eu perdia mais peso, a anemia piorava e a diarreia aumentava.

Fui a vários médicos, mas não descobriam o motivo desse mal-estar absurdo. Um deles chegou a prescrever um calmante e aconselhou que eu fizesse uma viagem para me ‘desligar’ de tudo, porque disse que eu precisava relaxar. Além disso, orientou que me alimentasse só com arroz empapado e frango cozido sem tempero para que a flora intestinal ‘limpasse’.

Acreditamos nas orientações, mas, com o passar dos dias, eu só piorava. Vivi muitas situações constrangedoras, sofri dores abdominais horríveis, comia e nada parava no estômago, não saía de casa porque tinha de ir ao banheiro a cada segundo. Mesmo com todos os desconfortos e muita fraqueza, consegui terminar o meu curso de Educação Física, que tanto amo.

No entanto, minha situação ficava pior a cada dia até que conseguimos, finalmente, encontrar um especialista. Depois de vários exames, o médico percebeu uma alteração significativa no baço e me indicou para o Hospital das Clínicas de Minas Gerais. No dia 7 de dezembro, depois da consulta e de alguns exames, fui internada. Fiquei muito assustada, afinal, sabia que havia algo de errado, mas não imaginava que haveria um longo caminho a percorrer.

Fiquei internada por uns dias realizando vários exames. Meu corpo estava fraco, inchado, tinha diarreia forte e fazia transfusão de sangue com frequência. Mas o pior estava por vir: 12 dias após a internação passei a sentir falta de ar, dor abdominal forte e começou o pesadelo. Fui para o CTI, fiquei em coma e, a cada dia de vida, era um milagre.

Em 28 de dezembro apresentei uma pequena melhora e fizeram a retirada do baço. Coincidência ou não – eu chamo de ‘milagre’ – a cirurgia começou exatamente na hora em que nasci. Depois de uma cirurgia complexa e longa, passei muito tempo em coma, precisei de uma traqueostomia e, quando acordei, não conseguia me mexer, mas, graças a Deus, deu tudo certo!

Naquele momento de fragilidade, impotência e confusão por não saber o que estava acontecendo, eu tinha duas opções. A primeira era me entregar para aquela situação, me fazer de vítima e não querer lutar, mas optei pela segunda opção, que foi lutar para me recuperar, me reerguer e não me fazer de vítima. Não foi fácil acordar aos 24 anos com a barriga cortada e o pescoço furado, marcas que me acompanharão pela vida inteira, mas que significam a minha vitória.

O amor dos meus pais, da minha irmã, do meu irmão, do meu noivo – na época namorado – e de toda a equipe do Hospital das Clínicas me fizeram muito bem. Vivemos um dia de cada vez e, aos poucos, fui me recuperando e retomando a minha independência.

Nunca deixei de acreditar, de lutar pelos meus objetivos e sonhos, e de viver. Todas essas dificuldades me tornaram uma pessoa mais forte para seguir em frente e serviram para eu acreditar e ajudar na recuperação da minha avó, de 92 anos, que reverteu um quadro grave de AVC. Nunca mais tive problemas intestinais, levo uma vida normal, faço tudo o que quero sem limitações ou restrições. Pratico atividade física, trabalho na área que escolhi, viajo e sou feliz!”

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John Doe

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