Cuide bem do seu jardim!

Cuide bem do seu jardim!

Estudos indicam que a jardinagem e o cultivo de hortas promovem bem-estar físico e mental, além de melhorar a autoestima e o autocuidado

Nas últimas décadas têm surgido evidências crescentes de que a jardinagem oferece benefícios substanciais à saúde física e mental. Uma metanálise publicada em 2016 por cientistas da Universidade de Tóquio examinou 22 desses estudos sobre os efeitos da jardinagem, incluindo hortaterapia e saúde, cujos resultados relataram uma ampla gama de benefícios como redução na depressão, na ansiedade e no índice de massa corporal, bem como aumento na satisfação com a vida, qualidade de vida e senso de comunidade.

No Japão, desde a década de 1990 existem pesquisas inclusive sobre os efeitos terapêuticos das florestas, desenvolvidos por grupos que avaliam a relação do ser humano com a natureza.

Recentemente, um estudo realizado pela Sociedade de Horticultura Britânica (Royal Horticultural Society), com 6 mil participantes, concluiu que duas a três sessões de jardinagem semanais podem ajudar a reduzir os níveis de estresse e aumentar a sensação de bem-estar. Em casas de repousos ou residências de idosos, jardinagem e horticultura auxiliam a convivência e a atividade física e estimulam a memória, a curiosidade e as atividades motoras.

Frequentadores de casas de recuperação de adictos também se beneficiam das atividades de jardinagem como forma de ressocialização. Há estudos mostrando, ainda, benefícios de pessoas em tratamento de câncer, obesidade, dependência química e diabetes, entre outros.

O professor Clovis Oliveira, do Instituto de Pesquisas Ambientais de São Paulo, autor do estudo ‘Jardinagem e religação com a natureza: um processo de autocura’, conta que há trabalhos publicados mostrando registros sobre a influência do uso terapêutico da floresta sobre os sistemas imunológico, cardiovascular e respiratório, e evidências no aumento da expressão de proteínas anticâncer em pessoas que passam mais tempo junto à natureza.

“Primeiramente, essas atividades permitem uma reconexão do ser humano com a natureza, e só por esse processo de reconexão com a terra e com os ciclos naturais já podem ser consideradas um grande benefício. Afinal, somos seres da natureza”, ressalta.

A prática da jardinagem também tem a capacidade de melhorar a saúde diretamente pela redução dos níveis de cortisol, o hormônio responsável pelo estresse. Além disso, melhora as relações sociais, quando praticada em comunidades ou ambientes coletivos, aproximando os praticantes, inclusive, do universo das plantas medicinais e das qualidades nutricionais dos alimentos, estimulando uma alimentação saudável no contexto da saúde preventiva e desenvolvendo a saúde integral.

“O despertar de sentidos a partir do sujar das mãos, os cheiros das plantas e da terra e o sabor dos alimentos colhidos podem aguçar sensações que estavam adormecidas e causar impactos na autoestima e no autocuidado, assim como estímulo a práticas alimentares mais saudáveis”, afirma a nutricionista e pesquisadora científica do Instituto de Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, Mariana Tarricone.

O cuidado com um jardim ou uma horta também exige um trabalho físico importante que, para pessoas sedentárias, pode se constituir em uma atividade física relevante. “Afinal, cavar, podar, colher, roçar, irrigar e plantar são atividades complexas que requerem movimento de todo o corpo.

Na jardinagem, é necessária uma atividade motora bastante refinada”, acentua a nutricionista, uma das autoras do estudo ‘Hortas comunitárias como atividade promotora de saúde: uma experiência em unidades básicas de saúde’, desenvolvido na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP).

O estudo identificou uma estreita ligação entre a prática das hortas com a criação de ambientes saudáveis, reforço da ação comunitária, desenvolvimento de habilidades pessoais e estímulo à autonomia, entre outros benefícios.

A nutricionista afirma que a reaproximação das pessoas com a natureza, com os ciclos naturais e a terra pode trazer benefícios emocionais, resgatar vivências e memórias afetivas e agregar dimensões e significados associados à ancestralidade milenar da sociedade. “Em relação às hortas comunitárias, a questão da socialização é bastante importante.

Em cada local onde essas hortas estão instaladas, como praças, unidades básicas de saúde, parques, condomínios, escolas e universidades, surge um cenário propício para trocas de saberes e experiências, sentimento de pertencimento, convívio social e práticas pedagógicas”, assegura. O filme Saindo da Caixinha (disponível no YouTube no https://youtu.be/brrrX8biFJE) explora diversos resultados na vida e na saúde das pessoas envolvidas com hortas comunitárias.


Terapia de autocura

Um dos resultados encontrados no estudo da FSP?USP com participantes de hortas comunitárias em unidades básicas de saúde foi o estímulo ao autocuidado e à melhora da autoestima. Alguns estudos indicam, ainda, que a jardinagem auxilia na diminuição da dor física e do estresse, reduz o número de quedas e melhora a qualidade da atenção.

A jardinagem e a horticultura permitem, ainda, maior sociabilização, interação e aumento de círculos de amizades. O simples fato de ocupar a mente com as tarefas de jardinagem, como plantio, rega e adubação, já funciona como terapia. “Emocionalmente, esse contato com as plantas e hortas produz uma sensação de paz e tranquilidade.

A partir de uma prática rotineira de jardim é possível observar redução de ansiedade e a promoção de vários processos que desencadeiam uma convivência saudável e agradável do ser humano com as plantas”, descreve o professor Clovis Oliveira.


Você sabia?

A fitoterapia é uma das práticas inseridas na Poli?tica Nacional de Pra?ticas Integrativas e Complementares do Sistema U?nico de Sau?de (SUS), e um dos objetivos é estimular o conhecimento das plantas medicinais brasileiras e seu emprego correto na recuperac?a?o e manutenc?a?o da sau?de.

O uso de fitotera?picos com finalidade profila?tica, curativa, paliativa ou com fins de diagno?stico passou a ser oficialmente reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1978. Atualmente, existem 12 medicamentos fitoterápicos na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais que podem ser ofertados na rede pública.


Flores, aromas e bem-estar

  • Ao cultivar flores e plantas, é sempre bom estar atento àquelas que oferecem aromas relacionados a sensações de alegria, tranquilidade e bem-estar.
  • Lavanda, camomila, alfazema, jasmim, alecrim, arruda, capim cidreira e sândalo, por exemplo, estão entre os aromas considerados calmantes, relaxantes e purificadores de ambientes.
  • Árvore da felicidade, espada de São Jorge, jasmim, lírio da paz e samambaia estão entre as plantas que trazem boas energias.
  • Orquídeas intensificam a espiritualidade.
  • Girassol reduz o estresse.
  • Bem-me-quer desperta o otimismo.
  • Amor-perfeito atrai pensamentos positivos.
  • Violeta diminui a irritabilidade.
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John Doe

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