Viaje tranquilo!

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Pacientes com DII devem tomar alguns cuidados para planejar viagens longas, especialmente se forem para o exterior

Uma das principais dúvidas de quem tem doença inflamatória intestinal ao planejar uma viagem mais longa, principalmente se for internacional – seja para estudar, fazer intercâmbio ou mesmo tirar mais tempo de férias – é como será o atendimento médico em caso de urgência e emergência e se é possível levar os medicamentos, especialmente os biológicos. Em geral, a maior dificuldade refere-se ao tratamento feito com medicamentos de alto custo, mas, com alguns cuidados, é possível planejar a viagem dos sonhos sem risco de passar por dificuldades ou transtornos.

Segundo a advogada Cynthia Maria Bassotto Cury Mello, é importante estar atento ao transporte, manuseio, conservação e autorização para entrada de alguns medicamentos nos locais de destino. Para os que vão fixar residência temporária ou definitiva fora do Brasil, é preciso checar se é possível levar o medicamento em grandes quantidades, para suprir todo o período, ou se o país de destino faz o fornecimento para estrangeiros residentes e qual é o procedimento. “É interessante verificar se o Consulado ou a Embaixada do Brasil no país de destino podem interceder de algum modo, ou mesmo se o seguro viagem ou plano de saúde local fazem a cobertura do tratamento”, sugere. Em qualquer situação, é importante lembrar que algumas drogas requerem a aplicação em ambientes controlados, então, também é necessário averiguar como e onde, por exemplo, serão feitas as infusões.

Também é imprescindível que o paciente leve o laudo médico, especificando a doença com o CID (Classificação Internacional de Doenças), o nome do medicamento que está utilizando, o nome genérico e a necessidade do uso contínuo. Toda a documentação deve possuir carimbo, data, assinatura e dados do médico para contato. “É altamente aconselhável que esse laudo seja traduzido para a língua do país de destino ou, na impossibilidade, para o inglês, preferencialmente por um tradutor juramentado. Até porque, cada país estabelece suas regras e pode ocorrer de o medicamento ser ilegal no local de destino”, sugere a advogada.

Essas medidas visam garantir que a imigração possa conferir e compreender o motivo de o turista levar uma quantidade grande de medicamentos. Outro cuidado fundamental é que os remédios estejam devidamente acondicionados nas caixas de origem lacradas. Para quem pretende adquirir a medicação em outro país, é importante fazer uma consulta prévia ao Consulado ou à Embaixada antes de viajar, pois cada país normatiza a venda de medicamentos de uma forma e, portanto, não necessariamente a receita do Brasil será aceita. “Também haverá casos em que, para a compra de medicamentos, será exigido que a receita seja prescrita por um médico local”, orienta a advogada.


Planos de saúde

São raros os planos de saúde que asseguram assistência internacional e não há qualquer obrigação legal de que ofereçam essa assistência. Por isso, quem viaja para o exterior deve fazer um seguro saúde específico, sobretudo porque alguns países exigem um seguro mínimo para autorizar a entrada de estrangeiros. Em geral, os seguros de viagem servem para assegurar a assistência no caso de necessidades imediatas, como pronto-atendimento, urgências e emergências, independentemente de doença pré-existente. “Porém, isso não se aplica ao paciente que espera a cobertura de uma cirurgia eletiva no exterior, por exemplo, porque o seguro contratado não é um plano de saúde, mas um seguro que visa dar segurança ao viajante caso necessite de algo não previsto, ainda que seja uma internação”, argumenta.

Para aqueles que desejam de fato fazer tratamento no exterior, o interessante é que verifiquem a possibilidade da contratação de um plano de saúde. Assim como no caso de medicamentos e receituários, as regras também variam de acordo com o país, e o Consulado ou a Embaixada do local de destino devem ser procurados para esse direcionamento. A advogada lembra que o Brasil tem Acordos Internacionais Bilaterais com Itália, Portugal e Cabo Verde (África), por meio dos quais é autorizada ao cidadão a emissão de um Certificado de Direito à Assistência Médica no Exterior (CDAM). “Com esse documento, há a garantia ao cidadão brasileiro que for devidamente segurado pelo INSS o acesso ao serviço público de saúde em tais países”, orienta.

As informações pertinentes podem ser obtidas junto ao Ministério da Saúde ou no site https://sna.saude.gov.br/cdam.

Se o turista preferir fazer um seguro nos Estados Unidos, a Crohns and Colitis Foundation (CCFA) disponibiliza uma Central de Ajuda com uma lista de opções de seguro saúde.

Para obter informações, basta enviar um e-mail para info@crohnscolitisfoundation.org ou ligar para o Centro de Ajuda IBD da Fundação Crohn e Colite: 888.MY.GUT.PAIN (888.694.8872).

Na Europa, é possível encontrar informações no site www.efcca.org.


Não esqueça!

  • Consulte antes o Consulado ou à Embaixada do país de destino;
  • Contrate um seguro saúde internacional para o tempo que ficar fora;
  • Obtenha um Certificado de Direito à Assistência Médica no Exterior (CDAM), se for o caso;
  • Tenha em mãos laudo e receita médica, inclusive narrando possíveis medidas a serem tomadas em casos emergenciais e contatos a serem feitos;
  • Sempre carregue sua medicação de uso no avião e solicite um local sob refrigeração no caso de biológicos. Mais quantidade deve ser despachada;
  • Faça tradução juramentada do laudo e da receita;
  • Fique atento à quantidade de medicamento a ser levada, para suprir o tempo de estada, se for o caso;
  • Cheque junto ao Consulado ou à Embaixada do país de destino quais são as regras para recebimento de medicamento via correio: se é autorizado, quais os procedimentos, se há tributação, quais empresas são autorizadas e onde deve ser retirado, para o caso de precisar;
  • Mantenha sua medicação lacrada em seu recipiente original. Use caixas de pílulas para transportar pequenas quantidades necessárias durante o curso de um dia;
  • Obtenha cópias de todas as prescrições, incluindo marcas estrangeiras ou nomes genéricos e mantenha o contato do seu médico;
  • Nos Estados Unidos, é útil ter um cartão de identificação da ABCD ou da CCFA denominado ‘Não posso aguardar’, disponível para os associados, para explicar que você precisa estar em primeiro lugar na fila do banheiro, quando existir uma.

Associações oferecem suporte

Existem várias organizações que fornecem informações sobre seguro saúde e oferecem assistência aos viajantes. Uma delas é a Associação Internacional de Assistência Médica aos Viajantes (www.iamat.org), que tem listas de médicos de língua inglesa em muitos países. Os turistas também podem procurar médicos no site www.crohnscolitisfoundation.org/living-with-crohns-colitis/find-a-doctor. “Para que estudantes obtenham cuidados de saúde e medicação nos Estados Unidos precisarão de um médico no país, e a Iamat pode ajudar a obter um encaminhamento. Será importante que tragam comprovante de seus registros médicos ou enviem ao médico indicado antes da visita”, orienta Jackie Spencer, gerente de suporte ao paciente da CCFA.

A entidade tem, ainda, uma rede de grupos em que os pacientes com DII e suas famílias encontram suporte, informação e orientação. Os visitantes que quiserem informações podem visitar o site www.crohnscolitisfoundation.org/chapters e clicar no estado norte-americano onde estão vivendo. A Embaixada Americana também possui uma lista de médicos locais divididos por especialização no site www.usembassy.gov. Se a viagem for dentro do Brasil, é possível localizar médicos habilitados no site do Grupo de Estudos da Doença Inflamatória Intestinal do Brasil (GEDIIB) –
https://gediibportal.associatec.com.br – no link ‘encontre um médico’ por região.


Como evitar a diarreia do viajante
  • Beba água mineral engarrafada e, dependendo do local onde esteja, use a mesma até para escovar os dentes;
  • Tente não engolir a água ao tomar banho ou quando estiver nadando;
  • Evite bebidas não carbonadas, como chá gelado e sucos frescos, gelo, sorvete, legumes, saladas cruas, carne ou peixe cru ou não cozido;
  • Evite produtos lácteos não cozidos, a menos que esteja certo de que foram pasteurizados e preparados sob condições estéreis;
  • Nunca coma alimentos de vendedores na rua nem alimentos preparados, como salada de batatas e canapés.

Atenção aos banheiros!
  • Memorize banheiros relacionados às rotinas diárias; reserve um assento próximo do banheiro no avião e verifique onde estão em trens e ônibus;
  • Ao planejar uma viagem por estrada, consulte paradas de descanso com banheiros públicos e escolha o caminho que tenha mais paradas;
  • Tenha sempre em mãos papel higiênico, toalhas umedecidas, pomadas e trocas de roupa;
  • Mantenha o álcool gel para limpeza das mãos em garrafas pequenas;
  • Aprenda a falar toalete e banheiro, urgente e emergência, farmácia e médico no idioma do país que visitar. Saber falar ‘onde está’ também ajuda.
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John Doe

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