Tratamento deve ser criterioso

Tratamento deve ser criterioso

O tratamento do idoso com DII deve seguir as diretrizes gerais do tratamento em outras faixas etárias com objetivo de induzir e manter a remissão, prevenir complicações e cirurgias, e restaurar a qualidade de vida com efeitos adversos mínimos.

A interação medicamentosa deve ser outra preocupação do médico, porém, são poucas as recomendações da literatura quanto às restrições ao uso das classes de medicamentos utilizados no tratamento das DII.

Uma grande dificuldade na abordagem terapêutica da doença inflamatória intestinal no idoso é a presença das comorbidades frequentes, uma vez que cerca de 20% dos idosos com DII possuem mais de cinco doenças crônicas e 50% fazem uso de mais de cinco medicamentos diários, além de ser uma faixa populacional que apresenta maior fragilidade social e psicológica. Isso faz com que a adesão ao tratamento seja outro desafio para os médicos que assistem esses pacientes.

A professora Maria de Lourdes de Abreu Ferrari ressalta que uma boa conduta quanto ao tratamento é começar devagar sem subtratar, levando em consideração a idade cronológica e a condição funcional do idoso frágil. “O envelhecimento também origina alterações fisiológicas que interferem diretamente na concentração plasmática das drogas, bem como na disponibilidade e no metabolismo dos medicamentos.

Além disso, não existem diretrizes ou consensos que orientem o tratamento das DII nesta faixa da população e pacientes com mais de 65 anos são frequentemente excluídos dos ensaios clínicos terapêuticos, condições que dificultam a extrapolação dos resultados dos estudos para a população”, lamenta.

No entanto, a literatura científica tem mostrado que a resposta ao tratamento geralmente se assemelha à observada nos indivíduos jovens, embora com velocidade mais lenta.

O médico cirurgião Mathew Kazmirik afirma que, embora os medicamentos usados pelos idosos com DII sejam os mesmos dos demais pacientes, algumas questões importantes devem ser levadas em conta antes da prescrição de medicação nesta faixa etária. “Para retocolite, por exemplo, usamos muito mesalazina, no entanto, para um paciente que já tem uma doença renal é contraindicada. O segundo nível de medicamento, que são os imunossupressores, não costuma ser indicado a partir dos 60 anos por aumento de risco de malignidade.

Os corticoides são drogas importantes para tirar o paciente da crise. No paciente idoso, entretanto, o corticoide piora o diabetes e pode predispor catarata mais precoce e osteoporose. São medicamentos que temos de usar com muito cuidado, por tempo adequado e alguns deles nem usar”, adverte.

Os desafios também estão presentes no gerenciamento das comorbidades e da polifarmácia, que é um fator de baixa aderência ao tratamento das DII. Além de interferir na adesão, o médico precisa estar atento às interações medicamentosas para evitar os efeitos colaterais das medicações. “Uma boa estratégia é a organização familiar e as orientações com os cuidadores.

As pessoas mais próximas devem ser sempre orientadas com relação à importância da adesão e sobre os possíveis efeitos colaterais das medicações. A boa notícia é que, atualmente, temos observado um avanço nas terapias da DII com disponibilidade de medicações com melhor posologia e facilidade de ingestão, justamente para melhorar a aderência ao tratamento e reduzir as taxas de perda de resposta secundária ao abandono”, afirma a médica gastroenterologista Ligia Yukie Sassaki, professora doutora da Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (FMB-UNESP), ao ressaltar que estudos mostram que a evolução da doença nos idosos tende a ser menos agressiva e com menor risco de complicações.

Se a prescrição for um medicamento biológico, administrado de forma infusional/endovenosa ou injetável/subcutânea e com periodicidade que depende da medicação, da fase do tratamento (terapia de indução ou manutenção) e da dose, a adesão vai depender de vários fatores, como medo da autoaplicação, disponibilidade para receber a medicação no centro de infusão, cuidado com o transporte e armazenamento da droga e suporte da equipe de saúde, entre outros.

Por isso, para alguns pacientes a adesão é melhor com a terapia infusional em comparação ao uso de medicamentos orais diariamente. Outros podem preferir a comodidade da medicação oral em detrimento ao centro de infusão. “O paciente deve ser informado sobre as opções disponíveis, os riscos e benefícios de cada medicação, e a escolha da terapia deve ser uma decisão compartilhada entre a equipe de saúde e o paciente/família, visando o bem-estar do paciente, a remissão da doença e a redução do impacto da DII na vida do paciente e de seus familiares”, reforça a professora Ligia Yukie Sassaki.

Para convencer esses pacientes a ingerirem as medicações corretamente, a médica sugere uma conversa esclarecedora com a equipe de saúde, que deve explicar a importância da adesão medicamentosa, assim como orientar sobre as complicações que podem acontecer caso haja interrupção do tratamento.

Outro ponto é entender a causa da má adesão em alguns pacientes e tentar, junto com a família, resolver o problema. “Alguns pacientes podem apresentar efeitos colaterais com as medicações e outros podem ter medo do uso em longo prazo, e a equipe deve sempre discutir riscos e benefícios com pacientes e familiares”, argumenta.

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John Doe

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