
Como chegar ao diagnóstico correto
Quando pensar que o paciente pode ter uma doença inflamatória intestinal, quais são os exames importantes e os erros mais comuns foram os destaques da aula
Para diagnosticar de forma adequada um indivíduo com doença inflamatória intestinal, os médicos precisam de uma combinação de fatores. Somente a partir de achados clínicos que envolvam sintomas, exames sanguíneos e de fezes, endoscópicos, de imagem e, às vezes, até histopatológicos é que o especialista poderá confirmar a enfermidade e começar o tratamento.
Por isso, é fundamental que os médicos conheçam e utilizem todo o arsenal disponível para fazer um diagnóstico de qualidade evitando, assim, prejuízos no tratamento e na vida dos pacientes.
O médico Marcellus Henrique Loiola Ponte de Souza, professor associado da Universidade Federal do Ceará, livre docente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e professor visitante da Queen Mary University of London, informa que é fundamental que os pacientes entendam que não existe um único exame ou um único procedimento capaz de dar o diagnóstico preciso de uma doença inflamatória intestinal.
O diagnóstico será possível apenas a partir de uma combinação de dados, que envolve desde os sintomas até os resultados dos exames laboratoriais e de imagem. Para isso, os médicos precisam ter conhecimento de todos os procedimentos, exames e condutas disponíveis para fazerem um diagnóstico de qualidade evitando, assim, prejuízos no tratamento e na vida do paciente.
Na aula para os agentes comunitários de saúde do Ceará, o médico explicou detalhadamente quais são os exames mais comumente utilizados e como ajudam os especialistas a identificarem uma DII.
O professor Marcellus Henrique Loiola Ponte de Souza ressalta que a endoscopia é fundamental para o diagnóstico de doença inflamatória intestinal, entretanto, não existe nenhum achado com 100% de certeza de doença de Crohn ou retocolite ulcerativa.
“Os achados são inespecíficos e só devem ser valorizados junto com todos os outros”, define. Na retocolite ulcerativa sempre existirá o acometimento do intestino grosso, porque a doença geralmente começa no reto e vai subindo.
Já a doença de Crohn é descontínua e o paciente pode ter uma inflamação localizada, embora geralmente envolva a região do começo do intestino grosso (ceco) até o final do intestino fino (íleo). Na retocolite ulcerativa predomina o sangue nas fezes, enquanto na doença de Crohn o que predomina são ulcerações, algumas vezes evoluindo com estenose. Novos métodos de imagens também estão disponíveis em alguns locais para confirmar diagnósticos, como enterotomografia, enterorressonância e cápsula endoscópica.
Tuberculose
O Brasil é região endêmica para a tuberculose e o professor Marcellus Henrique Loiola Ponte de Souza ressalta a necessidade de que os especialistas em doença inflamatória intestinal façam uma investigação nos pacientes para verificar a presença da doença.
“No nosso meio, nos preocupamos muito com a tuberculose, porque ainda temos uma taxa de infecção muito alta da doença. E o quadro clínico é muito parecido. Se dermos um medicamento biológico para alguém com tuberculose achando que é DII será um desastre, mas, se a pessoa tiver DII e não tratarmos, será outro desastre”, alerta.